quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tudo sobre a casa branca.

A Casa Branca é um dos endereços mais conhecidos do mundo.

Dos presidentes americanos, George Washington (1732-1799) foi o único que não viveu na Casa Branca. Seu governo bancou a construção, a partir de 1792, mas o mandato acabou antes da obra. O primeiro morador foi o presidente John Adams (1735-1826). Em mais de 200 anos de existência, o palacete, que mistura influências de edifícios irlandeses e franceses, se transformou no cenário onde são tomadas decisões que influenciam o planeta. Conheça o novo endereço de Barack Obama.

5 COISAS QUE VOCÊ NÃO SABIA
Curiosidades a respeito da residência e de seus moradores

“EU VEJO ESPÍRITOS”
No Salão Vermelho, a primeira-dama Mary Lincoln (1818-1882) fez sessões espíritas para contatar seus filhos mortos Edward e William.

CASÓRIO ANIMADO
Em 1866, Grover Cleveland (1837-1908) se tornou o único presidente a se casar dentro da Casa Branca. Ele se uniu a Frances Folson no Salão Azul.

PAGUE UM, LEVE DOIS
A Casa Branca não é muito grande. Mas os presidentes contam também com Camp David, uma área de 5 quilômetros quadrados a 97 quilômetros de Washington.

MIL E UMA UTILIDADES
No Salão Leste, onde Richard Nixon (1913-1994) renunciou e seis presidentes foram velados, a primeira-dama Abigail Adams (1744-1818) secava roupas.

ENCONTRO DE FORÇAS
Nenhum papa tinha visitado a Casa Branca até que João Paulo II (1920-2005) foi recebido por Jimmy Carter, em 1979.

O PODER É AQUI
As principais decisões tomadas na mansão

1862: Na atual Sala Lincoln, Abraham Lincoln (1861-65) assina a Proclamação de Emancipação, que liberta os escravos depois da Guerra Civil.
1943: No Salão do Mapa, um escritório decorado com planos de batalhas, Franklin D. Roosevelt (1882-1945) e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965) acompanham o andamento da Segunda Guerra.
1945: No dia 25 de abril, o presidente Harry Truman (1884-1972) recebe o secretário de guerra, Henry Stimson (1867-1950), na Sala de Leitura do Presidente. Ali os dois
planejam usar a bomba atômica contra o Japão - o que realmente aconteceria, em agosto.
1987: Em 8 de dezembro, na Ala Leste, o presidente Ronald Reagan (1911-2004) e o líder soviético Mikhail Gorbachev assinam um tratado em que se comprometem a reduzir o
arsenal de armas nucleares.
1993: Em 13 de setembro, o premiê de Israel, Yitzhak Rabin (1922-1995), e o chefe da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat (1929-2004), assinam um acordo de paz na presença do presidente Bill Clinton.
2001: Na noite de 11 de setembro, na mesma sala usada por Truman em 1945, George W. Bush escreve em seu diário, fazendo referência aos ataques contra o World Trade Center: "Hoje aconteceu o Pearl Harbor do século 21".

Entrevista muito legal..Pierre Mélandri conta a História 'viva' dos EUA.

Mudança de rumo
por,

Pierre Mélandri.
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Para historiador, americanos terão de rever a política externa
por Clarice Spitz.
Em tempos de pânico nos mercados, o governo americano tem pela frente o desafio de colocar a economia nos eixos. Para isso, será necessário contar com o apoio de outros países - e isso vai obrigar os Estados Unidos a mudar sua política externa. Nesse contexto, a eleição de Barack Obama veio em boa hora. É assim que pensa o historiador Pierre Mélandri. Professor da Universidade Paris III, na Sorbonne, ele acaba de lançar na França o livro Histoire des États-Unis Contemporains ("História dos Estados Unidos contemporâneos", sem edição em português).

A eleição de Obama é sinal de uma verdadeira mudança?
Sim, representa uma ruptura essencial na imagem do país. As pessoas que detestam os americanos acreditam em um imperialismo branco, ao qual se atribui um número considerável de injustiças. A chegada ao poder do filho de um africano valoriza uma das características mais positivas do país: os Estados Unidos são a primeira nação universal da História.

A economia vai dominar a agenda do novo presidente?
O essencial será impedir que a situação se degrade e, se possível, melhorá-la. Para isso, Obama terá que contar com os outros países. Os Estados Unidos estão endividados, e quando você deve dinheiro não pode mais ignorar o ponto de vista de seus credores estrangeiros.

A crise financeira tende a mudar a política externa americana?
Sem dúvida. Por exemplo: quando se injeta 1 trilhão de dólares para salvar o sistema bancário, será que ainda é possível continuar a conduzir indefinidamente as operações no Iraque, que custam cerca de 100 bilhões de dólares todos os anos? Estamos acostumados a ver os Estados Unidos como uma superpotência. Isso até pode ser verdade no plano militar, mas bem menos nas esferas econômica e financeira.

É possível manter a hegemonia militar sem o respaldo da economia?
Evidentemente não. Obama não se cansa de repetir que será difícil para os Estados Unidos preservarem sua influência internacional se o governo não colocar ordem na situação interna. A questão é saber se, à medida que a "Pax Americana" não poderá mais ser a mesma, a comunidade internacional conseguirá estabelecer as bases de uma nova ordem multilateral.

O recente colapso das Bolsas se parece com o de 1929?
Há diferenças reais, assim como semelhanças evidentes. A primeira diferença é que o sistema internacional não é mais o mesmo. Após a Grande Depressão, a economia americana se dotou de mecanismos estabilizadores. É pouco provável que se repita o nível de miséria da década de 1930. Além disso, agora os governos reagem rápido para minimizar os danos.

E as semelhanças?
São duas crises globais em períodos de avanços tecnológicos: a difusão do uso da eletricidade e do petróleo como fontes energéticas da década de 1920 e, nos anos 1990, a revolução da informática. Ambos criaram um sentimento de euforia, e com ela a ilusão de que se poderia escapar de crises.

SAIBA MAIS

Livros:
Histoire des États-Unis Contemporains, Pierre Mélandri, André Versaille, 2008 - Explica os Estados Unidos hoje a partir dos fatos mais marcantes de seu passado.
A História dos Estados Unidos desde 1895, Pierre Mélandri, Edições 70, 2006 - Descreve como o país saiu arrasado da Guerra Civil e, décadas depois, já era uma grande potência.
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Fonte: Revista Aventuras na História.

A força negra.

Afro-descendentes que ocuparam cargos de destaque no mundo
Na noite de 4 de novembro de 2008, ao ser eleito, Barack Hussein Obama, 47 anos, começou a escrever uma nova página nos livros de História. Livros que ganham mais um capítulo este mês, quando o primeiro presidente negro dos Estados Unidos toma posse. Antes de ele chegar lá, outros homens e mulheres africanos e afro-descendentes lutaram por espaço em suas comunidades. Conheça alguns que alcançaram postos antes exclusivos dos brancos.

DE FARAÓS A BANQUEIROS
Em 2700 anos, os destaques de três continentes

REI PIYE - 752 A.C.
Diante de um Egito decadente, o imperador da Núbia (atual Sudão) decide colocar ordem no país vizinho. Piye ocupa a capital, Tebas, e inicia um governo de 35 anos, que dá origem à chamada dinastia dos faraós negros. Ao morrer, o imperador é enterrado em uma pirâmide, junto com quatro de seus cavalos favoritos

HENRIQUE DO HAITI - 1807
Nascido escravo em Granada, participa da luta do Haiti contra as tropas francesas, em 1791, e assume a presidência do país, em 1807. Em 1811, proclama a si mesmo imperador. Durante seus nove anos de reinado, Henrique cria uma nobreza haitiana, com 47 títulos.

SHAKA ZULU - 1818
Ao assumir a chefia sobre a tribo zulu, transforma a etnia em um império. Para isso, conquista diversas tribos, em uma campanha que inspira comparações com Alexandre, o Grande. No momento em que é assassinado, Shaka (1778-1828) governa cerca de 250 mil pessoas.

HARRIET TUBMAN - 1861
A ex-cativa (1820-1913) é a primeira mulher a liderar tropas americanas. Durante a Guerra Civil, ela comanda uma ação militar de resgate, que consegue libertar 750 escravos das mãos da Confederação. A operação lhe rende o apelido de "Moisés dos negros".

JOHN RICHARD ARCHER - 1913
O ativista (1863-1932) é o primeiro prefeito negro eleito na Inglaterra. Após seu mandato na cidade de Battersea, marcado por acusações racistas divulgadas pelo partido de oposição, passaria a vida militando contra o preconceito.

KWAME NKRUMAH - 1960
O líder político (1909-1972) é um dos maiores responsáveis pela independência de Gana, alcançada em 1957. Depois, torna-se premiê e presidente do país. Em 2000, é eleito pelos ouvintes da rádio BBC o homem africano do milênio.

KOFFI ANNAN - 1997
Nascido em Gana, termina os estudos nos Estados Unidos. Começa a trabalhar na Organização das Nações Unidas em 1962. Em 1997, entra para a História como o primeiro secretário-geral negro da entidade, cargo que deixa em 2007.

STANLEY O’NEAL - 2002
Nunca antes um afro-americano tinha dirigido um grande banco de Wall Street. O’Neal assume o Merril Lynch e só se afasta em 2007, após a empresa perder mais de 8 bilhões de
dólares em créditos.

BARACK OBAMA - 2008
O democrata vence as prévias contra a senadora Hillary Clinton. Nas eleições de novembro, conquista o posto de 44º presidente do país. Nascido no Havaí, Obama é filho de um economista queniano. Sua esposa, Michelle, é tataraneta de um escravo da Carolina do Sul.

DOCUMENTOS HISTÓRICOS
A eleição americana nas primeiras páginas

No dia 5 de novembro, os americanos fizeram filas nas bancas de revistas. Todos queriam os jornais com o resultado das eleições para presidente. Alguns periódicos reimprimiram 5 vezes a mesma edição. Sinal de que os leitores perceberam que, naquele dia, os jornais tinham História pura impressa nas primeiras páginas.

VOCÊ SABIA?
por Caio do Valle

OBAMA É O SEGUNDO
Americano negro já foi presidente

Em 1847, Joseph Jenkins Roberts (1809-1876) tornou-se o primeiro norte-americano afro-descendente a assumir a presidência de um país. A diferença entre ele e Barack Obama é que Roberts governou uma nação estrangeira, a Libéria. Nascido em Norfolk, na Virgínia, ele era filho de uma ex-escrava libertada. Em 1829, a família se mudou para a Libéria, pequena colônia sustentada por políticos e religiosos brancos que bancavam a transferência de negros interessados em deixar os Estados Unidos. Com apenas 24 anos, Roberts já era xerife. Aos 32, ele se tornou o primeiro gestor não-branco do local. Em 1846, convocou um referendo para aprovar a independência da Libéria. Em outubro de 1847, foi eleito o primeiro governante do novo país. Sua gestão foi marcada pelo reconhecimento junto à comunidade internacional - em 1848, ele causou impacto na Inglaterra ao visitar a rainha Vitória. Mas, apesar do sucesso no exterior, no plano interno o presidente não conseguiu aproximar os colonizadores estrangeiros das etnias nativas. "Roberts foi um administrador hábil, mas não criou um ideal de nacionalidade para a região", afirma o historiador norte-americano Eric Burin.

A saga do Almirante Negro..

Motim liderado pelo marinheiro João Cândido ganha versão em quadrinhos
por Sergio Amaral Silva
É provável que, no futuro, 2008 seja lembrado como o ano da recuperação definitiva da imagem de João Cândido Felisberto. Em junho, ele foi anistiado, pelo presidente da República, do crime de liderar a Revolta da Chibata. Em novembro, o lançamento de um novo livro em quadrinhos resgatou esse episódio marcante. Desde que liderou uma das maiores rebeliões armadas do Brasil, em 1910, o marinheiro se tornou maldito no meio militar. Não é para menos. Sob o comando de João Cândido, apelidado de "Almirante Negro" pela mprensa da época, 2 300 homens tomaram quatro navios e dispararam contra o Rio de Janeiro. Uma das balas de canhão atingiu o Palácio do Catete, sede do Poder Executivo. O motim começou em 22 de novembro e só acabou quatro dias depois, com a aprovação de uma lei que acabava com os maus-tratos nos navios. Além de contar essa história, o livro Chibata! (Conrad) retoma a saga do Almirante Negro, desde que ele nasceu, em 1880, oito anos antes da proclamação da Lei Áurea. A obra passa pelo alistamento de João na Marinha em 1894, aos 14 anos. Depois se detém no ano de 1908, quando ele viajou até a Inglaterra para acompanhar a fase final de construção do Minas Gerais, a maior embarcação de guerra brasileira. Lá descobriu que, nos mais importantes países da Europa, fazia décadas que os marinheiros eram bem alimentados e não recebiam mais punições com chicotadas, como ainda acontecia por aqui.

CENA DEDUZIDA

Nas palavras de um dos autores, o desenhista cearense Hemeterio, o livro é uma "ficção fortemente baseada em fatos reais". Entre os trechos dramatizados estão a infância de João, sobre a qual se sabe pouco, e um encontro dos líderes com o jurista Ruy Barbosa (1849-1923). "É uma cena deduzida", afirma o outro autor, o escritor (também cearense) Olinto Gadelha. "Ruy era simpático à causa e conhecia as reivindicações. Não podemos provar que houve o encontro, mas faz todo sentido retratá-lo." A rebelião é narrada com grande riqueza de detalhes. Mas boa parte de Chibata! se detém na fase final da vida de João Cândido. Depois de alcançar seu objetivo, o Almirante Negro foi preso com 18 companheiros; o calor da cela matou 16 deles. Libertado, nunca mais retomou a vida. Sua mulher e sua filha se suicidaram. Sem emprego, viveu de favores e foi internado em um sanatório até morrer sozinho, em 1969. Em 1975, quando João ainda era malvisto, a canção O Mestre-Sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc, foi censurada por fazer referência à revolta. Sua letra foi citada quando o Senado aprovou a anistia: "Salve o navegante negro/Que tem por monumento/As pedras pisadas do cais."