terça-feira, 19 de maio de 2009

Continuação,história da Literatura.

Séculos I a.C. a II d.C. : A literatura na História de Roma Antiga.

Vários estilos que se praticam até hoje, como a sátira, são originários da civilização romana. Entre os escritores romanos do século I a.C. podemos destacar: Lucrécio (A Natureza das Coisas); Catulo e Cícero. Na época de 44 a.C. a 18 d.C., durante o império de Augusto, corresponde uma intensa produção tanto em poesia lírica, com Horácio e Ovídio, quanto em poesia épica, com Virgílio autor de Eneida. A partir do ano 18, tem início o declínio da História do Império Romano, com as invasões germânicas. Neste período destacam-se os poetas Sêneca, Petrônio e Apuleio.

Biografia dos pensadores da época.

Titus Lucrecius Carus,

conhecido como Lucrécio, viveu numa época em que a antiga religião romana havia perdido sua forte influência nas classes cultas e prevalecia um ceticismo generalizado.

O desencanto e a incerteza daquele período, contudo, tornavam sem dúvida o povo supersticioso e apreensivo. Lucrécio observa que mesmo aqueles que manifestam desprezo pelos deuses lhes sacrificam ovelhas negras em momentos de perplexidade.

Lucrécio era um homem dotado de espírito científico, e um adepto convicto e ardoroso de Epicuro. Em seu grande poema didático intitulado De rerum natura (Da natureza das coisas), composto em seis livros de hexâmetros - a mais completa exposição existente do epicurismo -, o poeta-filósofo esforça-se por dissipar a superstição e a ansiedade de seus contemporâneos.

O poeta condena a vida faustosa e artificial de sua época, e contrasta com ela as alegrias derivadas do gosto simples e das belezas naturais. O estilo de Lucrécio mostra a influência dos antigos poetas latinos - Ênio, Névio, Pacúvio e Ácio -, e há na obra indícios de que lhe faltou o acabamento final.

O poema é uma peça de composição polêmica séria, escrita mais no intuito de instruir e convencer que de agradar, e a maior parte de seu conteúdo não se presta facilmente a um tratamento poético.

O estilo imponente de Lucrécio harmoniza-se com a magnitude do tema, e o arrebatamento de sua contemplação reverente da natureza, o ardor com que ele combate o que considera uma superstição degradante, seu sentimento de beleza do cenário rural e do patético da vida humana, inspiram muitas passagens magníficas, e também numerosos versos realmente palpitantes.

São Jerônimo, em sua versão do livro Crônica, de Eusébio, situa o nascimento de Lucrécio em 94 a.C. e diz que ele foi envenenado por um filtro amoroso, escreveu nos intervalos de lucidez de sua loucura e suicidou-se aos 44 anos de idade. Mas os estudiosos não sabem até que ponto essas afirmações podem ser aceitas.




Dicionário Oxford de Literatura Clássica (grega e latina), Paul Harvey, Jorge Zahar Editor

Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/lucrecio.jhtm

Caio Valério Catulo (84 a.C. - 54 a.C.) foi um sofisticado e controverso poeta veronense que viveu em Roma, durante o final do período republicano.

Catulo se liga a um círculo de poetas de ideais estéticos comuns, os quais, Cícero chama de poetas novos (modernos), termo este, carregado de sentido pejorativo. Esse grupo de poetas rompia com o passado literário romano (mitológico), passando, entre outras características, a utilizar uma temática considerada “menor” pelos seus críticos.

Acrescenta-se às características da poesia de Catulo, a linguagem coloquial (Ex. Ineptire, no canto VIII), a simulação freqüente de improviso na sintaxe (frases interrompidas por orações paratéticas, repetição de palavras e expressões, movimento circular da elocução), versos ligeiros e a simulação do acesso aos recantos mais íntimos do homem.

Sua obra se perpetuou através dos séculos que se seguiram, foi exemplo para grandes nomes que vieram depois como Propércio e Tibulo. Também foi muito lido por poetas como T. S. Eliot e Charles Baudelaire.

Catulo pertencia a um grupo de poetas denominados poeta novus e a importância dele é fundamental para caracterizarmos esse círculo, uma vez que é de Catulo a única obra que possuímos. Paratore enfatiza a importância e complexidade de nosso poeta no contexto daqueles que modernizaram a literatura:

“Para melhor fixar quanto, em toda esta transformação do gosto, é devido precisamente ao gênio de Catulo (o único poeta novus de quem possuímos a obra) e quanto é devido às tendências herdadas da poesia helenística e difundidas em todo o cenáculo, seria necessário enfrentar o problema das características da elegia helenística: ela limitou-se a cantar histórias lendárias de amor, ou encontros também a força de exprimir, diretamente, os sentidos de cada um dos poetas? ... Só poucos carmes de Catulo testemunham a passagem da elegia, em Roma, do tipo narrativo ao tipo meramente lírico; os carmes de amor, de Catulo, independentemente dos metros em que são compostos, têm predominantemente forma epigramática” (1987:314-315).

A revolução literária que os poetas novos trouxeram se caracteriza, essencialmente, pelo abandono da poesia épica homérica e enianana sendo substituído pelo gosto por breves versos dedicados a casos célebres de amor do mito (chamado de epílios); pela tendência de temas menores — (como o tema do amor, ou do pardal, como veremos), revelados diretamente ou sob o disfarce dos mitos; pelo cuidado com a técnica. E “o cenáculo dos poetae novi (também) introduz em Roma, definitivamente, o gosto da poesia helenística” (1987:312).

Catulo, imerso nesse contexto, se deixa levar pelas “seduções” do período helenístico, e com esses elementos ele acaba criando algo bastante moderno: a revolução da poesia Alexandrina. Como diz Paratore sobre Catulo: “o gosto pela “palavra antiga” nota-se, sobretudo, através do estilo dos poetas alexandrinos, curiosos de vocábulos da antiga poesia helênica; por isso, no seu tecido lingüistico, o vocábulo antiquado é como que uma pedra preciosa encastoada no elóquio moderno, isto é, não decorre com a freqüência sistemática que descobrimos nos escritos doutros literatos, de várias épocas” (1987:313).

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Catulo

No site abaixo estão contidos fragmentos de textos e um complemento á biofrafia.

http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno12-16.html

CÍCERO

(cerca de 106-43 a.C.)

Filósofo romano

Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino. Aproximou-se desde jovem da filosofia, cultivando-a com interesse e constância. Todavia, o amor pela filosofia não absorveu por inteiro todas as energias e interesses de Cícero. Ele foi posteriormente levado à vida pública, à vida forense e à vida política. Por isso a sua escolha de fundo foi pela retórica, pela oratória. Em janeiro de 49 a.C., o triúnviro romano Júlio César atravessou o Rubicão e desencadeou a guerra civil que o levaria a dominar todo o império. De volta a Roma em 45 a.C., começou a governar como déspota absoluto e tratou de eliminar os últimos adversários. Entre os adversários perseguidos estava Cícero, que na época era senador e figura proeminente da política romana nos anos anteriores. Obrigado a deixar a vida pública, Cícero recolheu-se à vida privada e retomou a meditação filosófica, de que já se ocupara num primeiro exílio, por volta de 51 a.C.. O resultado foi um conjunto de obras, escritas em aproximadamente dois anos, e que versam sobre os mais variados assuntos: Sobre os Fins, Controvérsias Tusculanas e Sobre os Deveres tratam de problemas éticos; Os Tópicos e Os Acadêmicos abordam questões lógicas; A Natureza dos Deuses, Sobre a Arte Adivinhatória e Sobre o Destino são dedicados a temas da física. Do ponto de vista da filosofia, essas são as principais obras escritas por Cícero no retiro forçado por César e a elas vieram juntar-se a Sobre o Orador, escrito em 55 a.C., A República, redigida em 51 a.C., e Sobre as Leis, provavelmente da mesma época. Esse conjunto de obras desempenharia papel de primeiro plano na história do pensamento, porque fazia do latim um idioma filosófico. Apesar desse valor histórico, as obras de Cícero não possuem um pensamento original. Cícero foi um típico eclético, discutindo os argumentos das diferentes doutrinas gregas correntes na época, sem vincular-se inteiramente a nenhuma. Cícero já conhecia tais correntes filosóficas, pois na juventude, estudou em Atenas, antes de tornar-se conhecido advogado e homem público. De todas as correntes, Cícero retirou algumas idéias e compôs uma síntese que, além da importância pela criação de um vocabulário filosófico latino, constitui fonte de estudo de boa parte do pensamento clássico. No que se refere às suas próprias posições doutrinárias, Cícero, em teoria do conhecimento, opôs-se tanto ao ceticismo radical de Pirro, quanto ao dogmatismo extremo. Defendeu como critério de verdade o probabilismo do consenso universal, isto é, aquela posição que acha possível ao homem chegar a algum conhecimento das coisas, sem no entanto atingir a verdade absoluta. A verdade estaria naquilo que pode ser aceito por todos. Em moral, Cícero adere às doutrinas estóicas sem, entretanto, aceitar todo o rigor da concepção segundo o qual o exercício da virtude basta-se a si mesmo e consiste na conformidade da conduta humana às leis da natureza. Esse consenso universal articula-se em torno de algumas idéias que dão fundamento à vida moral e social, principalmente a da existência de Deus e sua providência. Tais noções seriam comprovadas pela consciência natural dos homens e pela constatação de que na natureza os fenômenos organizam-se em torno de fins, os quais supõem a existência de um fim último de todas as coisas. Cícero morreu em 43 a.C., assassinado pelos soldados de Antônio.

Fonte: http://www.pucsp.br/~filopuc/verbete/cicero.htm

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